Fmília Ferraz - 2º Parte
Introdução:
As aventuras de Rominho A segunda parte do conto da Família Ferraz é a continuação de uma outra vivencia desde que deixaram Porto dos Gaúcho, e recapitulando que essa família veio de Minas Gerais com o propósito de ficar ricos em Mato Grosso, e que por ironia do destino, esse sonho se transformou em pesadelo.Fundação Histórica do povoado de Porto dos Gaúchos Histórico - A região de Porto dos Gaúchos passou a ter vida sob o impulso do governo do Estado de Mato Grosso, a partir de leis colonizadoras, de 1948 em diante. Em meados da década de cinqüenta a empresa Transportadora Meyer S.A., adquiriu terras à margem do Rio Arinos. Em seguida foi constituída a Colonizadora Noroeste Mato-grossense SA - CONOMALI - que passou a vender lotes de terras a empresas, grupo de particulares e colonos. Na maioria, esse contingente de pessoas se radicava no Estado do Rio Grande do Sul. A primeira caravana composta de futuros compradores de terras em Mato Grosso, partiu da cidade gaúcha de Santa Rosa, a 23 de março de 1955, com 20 homens distribuídos em dois caminhões, um Jipe Willys e um Unimog (veículo). A viagem demorou 41 dias, chegaram a três de maio de 1955, data em que se comemora a fundação de Porto dos Gaúchos.
Primeira abertura no nascer de Porto dos Gaúchos Uma Família Mineira... 8º Família em Porto do GaúchosNo dia 08/02/1957, desembarca da lancha Santa Rosa no porto do Povoado Porto dos Gaúchos a única família de Minas Gerais. José Dias Ferraz com 48 anos e Geny Prado Ferraz com 39 anos, e seus 8 filhos, Nelson Antonio Ferraz, 16 anos, Rômulo José Ferraz, 15 anos, Paulo Roberto Ferraz 13 anos, Odilon Francisco Ferraz, 12 anos, Luiz Carlos Ferraz, 10 anos, José Augusto Ferraz, 06 anos, Maria Salete Ferraz 04 anos e Paula Francinette Ferraz 02 aninhos.
Capitulo XX
Locação de Seringueiras:Não precisou nem do financiamento do Banco da Borracha, pois a venda dos couros das ariranhas que matamos foi o suficiente para comprar suplementos para o serviço e mantimento para dois meses. Tornamos a subir o Rio Mestre Falcão com duas canoas grande, e depois de dois dias remando chegamos no acampamento das ariranhas que mais depois passou a ser meu e dos meus irmãos.Por ser devoluto as terras do outro lado do Rio Mestre Falcão, passemos a ser proprietário possessório das terras uma vez que eram do Governo. A extensão da propriedade era uma frente no Rio equivalente a 10 km mais ou menos. Na colação das seringueiras, começamos com a minha estrada, (minha e dos meus irmãos). Fizemos a locação das seringueiras até interar 2000 arvores. Então fomos fazer a locação de 1000 arvores para o Bruno acima do nosso seringal, e 1000 árvores para o Joãozinho, irmão do Bruno abaixo do nosso seringal.
Capitulo XXI
Tempo da exploração da borracha:
O tempo certo de explorar a borracha é de iniciar no mês de Maio e parar um 15 dias entre agosto e setembro por causa da brota, e terminar em Dezembro. De fim de dezembro a Maio é muita chuva e impede de explorar a borracha. Neste ano de 1960 fizemos uma safra de 4 toneladas, foi bastante dinheiro ganho tendo em vista que vendemos a borracha três vezes mais caro do que os seringalistas. Não foi muita moleza tirar a borracha lá do mato, cada fim de mês levávamos uma carga de 400 a 500 kg para entregar (vender) para o Banco da Borracha, e o transporte era feito de canoa a remo por não ter condições de usar motor no rio. Tinha que descer 70 km de Rio Mestre Falcão até o Rio Arinos e depois subir mais 6 km Rio Arinos até Porto dos Gaúchos, esse transporte levava quatro dias. Depois da venda feita o saldo já ficava no Banco. Fazíamos novas compras de mercadoria, tanto para levar para o acampamento como para nossos pais e irmãos mais novos.
Levar nossos pais para Cuiabá
Antes mesmo de encontrarmos esse seringal nativo, já estávamos decidido a arrumar dinheiro para tirar nossos pais e as crianças daquele lugar, e fomos felizes na colheita de borracha no pouco tempo de colheita que foi de junho a dezembro.
Mas nesse mesmo mês de dezembro no dia 5 de dezembro de 1960 nós tínhamos vindo em casa para caçar uma anta para levar lingüiça que só a Dona Jeny sabia fazer, posamos no rio atrás da caça, matamos uma anta e no outro dia cedo chegamos com a carne em casa, e minha mãe não pode fazer a lingüiça poraquê acabara de dar a luz a Sandra, nossa irmãzinha caçula.
Foi só festa e não teve lingüiça, só carne seca.
Capítulo XXII
Fim da safra da borracha
Ainda tiramos borracha até antes do natal, quando então desencanecamos a estrada, ou seja, recolhemos os canecos que estavam nas arvores de seringa pois costuma dar enchente no mês de janeiro, fevereiro e março e com isso periga levar os canecos por não afundar devido a borracha.
Precisou mais duas viagem para levar toda a borracha, uma vez que a canoa carregava apenas 500 quilos.
O fim da safra foi de bom resultado, sobrou um bom dinheiro depois de pagar as dívidas com cantina e hospital ainda de quando a Paula e nosso pai ficaram internados.
Fizemos a conta e meu próprio pai achou que o dinheiro era pouco para arriscar a sair dali.
Então como tinha um terreno visinho e ficamos sabendo que o proprietário queria derrubar 8 alqueires para plantio de café, nós nos apresentamos ao senhor proprietário e fizemos a derrubada para ele só com a nossa alimentação, quer dizer que ficou tudo livre, foi um mês inteiro, a carne já não tinha por o rio estar em enchente, as caças somem, mas, tínhamos uma cachorrinha que era boa para caçar, e era o Luiz Carlos o encarregado da caça.
Todo dia cedo nós saiamos para o serviço com foice e machado, e ele também com um machado e um facão e espingarda e ia para o mato mais a cachorra, e ela achava a cutia entocada em pau oco, ele ia até lá, pois ela ficava latindo, tapava o buraco de saída, e furava o pau e aí matava a cutia. E foi assim a cada dia, uma por dia até terminar a derrubada.
Agora sim, o dinheiro da borracha mais o da derrubada daria para meu pai comprar pare ele uma chácara em Cuiabá ou Várzea Grande.
E lá foi o Zé Ferraz na programação da saída de uma terra que ficou só nos seus sonhos.
Capítulo XXIII
Preparação para viagem.
Tudo certo, meu pai foi na frente e comprou a chácara que ele queria, muito boa, e mandou recado que já poderia ir, que ele iria esperar lá.
Mas, o transporte ainda era pelo rio Arinos e quando tudo corre bem, para subir o rio é uma semana, então quem viaja tem que levar matula.
Mas, meu pai para aumentar mais o dinheiro, vendeu toda criação de porcos, galinhas, patos e até um engenho de moer cana que eu e o Nelson fizemos, só de madeira de lei. Com isso teríamos que achar uma caça de qualquer jeito, e os rios já estavam abaixando da enchente e já tinha lugar que as antas e porcos vinha para comer o barro. E eu e Odilon, fomos para um barreiro que tinha no rio Arinos, teria que pousar lá, e foi o que fizemos. Saímos de casa depois do almoço, pegamos a nossa canoa que ficava no porto do nosso visinho e déssemos o rio Mestre Falcão até sua barra e depois mais três quilômetros até onde era o barreiro. Chegando lá encontramos lugares bem batido por anta, tanto eu como o Odilon já estava com a rede armada a uns 10 metros de altura para esperar as antas. E foi que nisso, foi chegando uma porcada e desci rápido da rede fui lá onde estavam e matei um porco. E agora, um porco é pouco, e teríamos que tirar o couro e as tripas e deixar pendurado até amanhã chegar.
Pegamos o porco e fomos para a beira do rio onde estava a canoa e fizemos o serviço. Resolvemos então que iríamos esperar até dar mais ou menos 22 horas, para dar uma volta no barreiro com a lanterna acesa procurando ver os olhos dos bichos que a noite é uma tocha vermelha. Como tinha bastante de anta decidimos ver primeiro se a anta era gorda, pois nossa mãe pediu uma anta gorda para por as postas de carne. Fomos focando os pitocos das antas até que apareceu um bem roliço, e sapequei fogo, A anta era tão gorda, que dei a metade para o Sr Carlos onde guardamos a canoa e a metade que levamos deu mais de vinte litros de gordura, (óleo).
Capítulo XXIV
Viajando para Várzea Grande
Embarcado em uma chalana de dois andares, essa viagem foi bem mais confortável por poder armar rede e ir mais a vontade e com cinco dias subindo o rio Arinos até o Porto do Rio Claro e mais um dia de caminhão até chegar em Várzea Grande.
Chegando e vendo a chácara que nosso pai comprou, vi que ele fez um bom negocio, até umas vaquinhas tinha. Quando entramos, deu uma impressão que ali era uma escola, pois tinha um quadro negro pendurado na parede, e realmente era disse o Zé Ferraz, o antigo dono deu a sala para ser uma escola, e meu pai mediu um quadra de 50x40 e doou para a prefeitura fazer um prédio para escola, e a escolinha na sala continuou até aprontar o prédio da escola
Capítulo XXV
A Rotina
Zé Ferraz e Tio Totonho
Bom agora nós os rapazes tinha dois período diferente para viver a vida, uma temporada com belas namoradas e conforto da cidade, e outro período de mato onde a vida de seringueiro continuava.
Antes de ir para o nosso acampamento que ficava rio Falcão acima, fomos fazer uma visita na lavoura de café e seringa e vimos que não estava nada fácil a limpeza.
Uma lavoura nesta região depois que passa de um ano, é difícil de manter limpa, é muita praga, muita erva daninha, e as forças de nosso pai mais as crianças era pouco, e nós envolvido com o seringal, não tinha tempo e com isso ficou impossibilitado de limpar, sendo tempo de chuva, é arrancar de um lugar e plantar em outro, não morre a praga, e no tempo seco não sobra tempo.
Assim mesmo ficou decidido, que depois que parasse as chuvas, iríamos contratar gente para a limpeza do cafezal e seringal, e também do pomar que era uma verdadeira beleza.
Só que esse dia não chegou, pois começou a safra de borracha o tempo já estava sem chuva, mas não encontrávamos ninguém para fazer o serviço. Então nós resolvemos que em setembro iríamos parar com o corte da borracha por 15 dias para a flora da seringa, e esse tempo iríamos limpar a roça.
Mas, uma outra história triste aconteceu, e foi de dar um nó no coração, pois, sempre que trazíamos borracha, parávamos na casa do Sr Carlos, onde ficava a canoa, primeiro íamos até a nossa casa que era perto dali. E era setembro e iríamos fazer a limpeza na propriedade, mas, quando lá chegamos o que vimos foi só cinza preta pois não fazia nem uma semana que tinha queimado tudo, cafezal, seringal, pomar, casa, tudo, ficou tudo limpo. Foi um fogo que veio do mato, e quem não estava na propriedade para cercar com aceiro, o fogo entrou na propriedade e destruiu tudo.
Capítulo XXVI
Conclusão de um sonho
Tanto eu como o mano, ficamos chocado com a sena, tudo destruído, o sonho de nosso pai, como dizer para ele agora, ele ainda pediu para nós cuidar das plantações dele. Pensamos em escrever uma carta, pois ainda teríamos que ficar na seringa até dezembro.
Mas, pensamos do susto que ele iria sentir e lá nós iríamos mentir para ele que a seca estava acabando com tudo maior parte do cafezal estava seco. Realmente os cafezais nessa região tem vida curta, e já estava morrendo bastante pés.
Então ficamos no hotel uma semana e depois voltamos para o seringal, porque não tinha nada mais para fazer lá na propriedade.
Terminamos a safra sem novidade, e por perto do natal estávamos chegando em casa.
Primeiramente demos a notícia da propriedade queimada para nossa mãe, que ficou arrasada, e ela achou que deveria contar a verdade para nosso pai.
Chamamos o papai e a mamãe começou, e nós contamos tudo, já tinha visto meu pai chorar quando a Paula estava em coma no hospital, mas com a notícia, ele embranqueceu e foi na sala e sentou numa cadeira que estava na parta da rua e lágrimas caia dos olhos dele, todo sentimento despencou no coração dele e também me emocionei e disse para ele, vamos arrumar uma terra por aqui mesmo que de para plantar café, e vamos começar tudo de novo, nós temos condições porque o seringal da dinheiro.
Ele concordou mas tenho certeza que não acreditou, tanto é que ele vendeu em seguida as terras por qualquer preço, dizendo que era para curar a Maria Salete da garganta. Ele não precisava fazer isso, o próprio Diretor da CONOMALI disse que se estivesse precisando de dinheiro, nós já tinha autorizado, mas ele não aceitou porque queria livrar-se das terras em Porto dos Gaúchos.
Este é o final de um sonho que virou pesadelo, engolindo pessoas queridas, como meu tio Afonso e minha querida Vovó Alta.
Capítulo XXVI
Novos Rumos
Meu pai ficou contente com a compra da chácara, além de uma pastinho com algumas cabeça de vacas ainda tinha um pomar com diversa qualidades de frutas e naturalmente ele tinha um espaço para curtir.
A vida para a família continuou, e em Várzea Grande, nossa mãe passou ser outra, principalmente porque voltou a comer carne de gado, sendo que em Porto dos Gaúchos só podia comer carne de anta. Talvez foi a mudança de região que a curou.
As crianças agora estavam indo para a escola e sem preocupar a Dona Geny, só que para trás ainda estava Paulo e Nelson trabalhando em enxertia de seringueira, e eu mais o Odilon éramos os seringueiros, e nosso tempo de espera para a volta ao seringal só podia ser curtindo as festinhas e bailes de carnaval e namoradas, claro.
Mas, quem ainda garantia o sustento em casa era o seringal, e antes de descer para Porto dos Gaúchos fizemos uma compra grande para deixar em casa e voltamos para nosso serviço. Chegando em Porto dos Gaúcho fomos visitar Paulo e Nelson. Depois de conversarmos ficou decidido que o Nelson iria pro seringal também, porque queria arrumar dinheiro para montar uma oficina de consertar rádios e também casar.
Nelson
Tudo bem, a safra não poderia ser melhor, sendo que tinha três seringueiro para a colheita de borracha. Na flora da seringa costuma-se passar 15 dias sem mexer com a seiva das arvores, e por isso fomos curtir esses dias em Porto dos Gaúchos, e o Nelson seguiu com o dinheiro que ele queria para Várzea Grande.
Eu mais o Odilon voltamos depois do tempo estipulado, e sem novidade foi até o fim da safra de 1962.
Um detalhe que ficou sem falar, quando o nosso pai foi para comprar a chácara, ele comprou de um suíço um rádio de pilha portátil, foi o primeiro rádio portátil dessa categoria a aparecer em Cuiabá que era também resumido e cinco avenidas calçadas co paralelepípedo e o restos de ruazinhas sem alinhamentos, muito pobre.
Com esse rádio assistimos a copa de 1962, digo assistimos porque da maneira que o locutor narrava o futebol nos rádios, faz a gente em pensamento como se estivesse no campo assistido. E também serviu de escola, principalmente para mim, que sai expulso do grupo escolar e claro as músicas.
De volta em Cuiabá, encontrei o Nelson com a oficina montada e casado com Maria.
E eu e Odilon, naquela, curtir o tempo parado, mas levei de Porto dos Gaúchos taboas de itaúba para a construção de uma canoa grande, e também para ocupar o tempo. Depois da canoa pronta apareceu um interessado que queria a canoa por troca de um caminhão Ford 1951, só que queria uma volta em dinheiro, e acabei fazendo o negócio para deixar o caminhão com o Luiz Carlos para fazer frete.
Capítulo XXVII
Jose Dias Ferraz (Política)
Meu pai não perdeu a oportunidade de estar no meio da política dele, hora do lado comunista e do outro lado como espião e assim ia levando a vida esperançoso de uma reviravolta como de fato aconteceu.
Com o Presidente da República por direito sendo João Gulart elegido pelo voto dos Brasileiros e tachado de comunista pela oposição que transformou do dia para a noite o Brasil em parlamentarismo, e com isso os correligionários de meu pai trabalha para a luta de um plebiscito que veio acontecer 1963.
E com isso ele ganhou boa amizades como a Sarita Baracat, Nelson Ramos, Dr Bais, Dr Antero de Barros, Garcia Neto e outros, e com isso ele as vezes era convidado para viajar em comitivas políticas mesmo não sendo a verdadeira política dele. Mas o lema deles ara assim: morar junto com o inimigo para saber o que estão fazendo.
Os Ferraz agora estabilizados, nosso pai loteou a parte de pastagem e transformou a área e 54 lotes, e de vez em quando vendia um para seus sustentos, assim nós ficamos mais folgados.
Em 1963 volta eu e Odilon para fazer mais uma safra de borracha, e nós estávamos decidido que este seria o último ano, e fomos no vai e vem no subi e desce no Rio Falcão, trazendo borracha e levando mercadoria, mas o rádio que não era pequeno estava sempre junto e ligado escutando musicas.
Terminado a safra voltamos, para Várzea Grande, fiquei uns dias lá e fui para Dom Aquino por uma oficina de rádio lá pois tinha estudado no mesmo curso do Nelson.
Escolhi Don Aquino porque meu pai já estava em contacto com uns posseiros que precisava dele e foi uma luta de mais de ano mas conseguiu junto com outros políticos a legalização ao qual o Governador em palanque entregando os títulos e nosso pai junto.
Com a oficina serviço não faltava, mais era aquela de fazer só pra viver, as vezes não tinha serviço e eu ia ajudar o Luiz Carlos e Odilon que já estavam fazendo roça na Colônia do Barroso do meio, e por causa das caboclinhas de lá, umas baianinhas mais bonitas do que as de Don Aquino, e que também pegava na enxada.
Agora a família Ferraz estava divida de novo, mas entre Don Aquino e Várzea Grande.
Entramos no ano de 1964 e a política do PTB estava serrada, os grupos de onze tinha por todo lado, até eu fazia parte de um desses grupos em Don Aquino.
Capítulo XXVIII
31 de Março de 1964
Revolução
Estavam eu Rominho, e meu irmão Luiz Carlos, carpinando uma roça de feijão que meu pai tinha no município de Dom Aquino estado de Mato Grosso. Pois bem, estavamos trabalhando ao som musical da Rádio Mariqueyveiga do Rio de Janeiro, quando derrepente começou a tocar músicas patrióticas, como, Hino Nacional, Canção do Soldado, Canção dos Marinheiros, etc, enfim, fora da rotina, foi então que ouvimos o pronunciamento do atual Presidente do Brasil, João Gulart dizendo que estava decretado a Revolução e convidando o povo para que não deixasse o País virar ditadura.
Ultimo Comício de João Gulart
31 de março de 1964, dia que nunca me saiu da memória, senti assim, como se fosse uma força estranha subindo pela minha espinha, e eu arripiava todo quando ouvindo aquelas canções patrióticas e ao apelo que o Governo Jango fazia na Rádio Mariquyveiga. Para mim, eu já estava na guerra, só que estava perdido sem saber por onde começar. E assim fiquei nessa agonia até que meu pai chegou acompanhado por outros correligionários, e falou: a guerra começou...
Foi tristeza para todos nós no acampamento, quando um estafeta chegou com ordem expressa de que cada um ir para suas casas porque a revolução já tinha acabado.
Capítulo XXVIX
Mandato de prisão
Consequencias:
Disolvendo o pelotão, os líderes que estavam com a gente, a maioria pediran esilio na Bolívia, menos meu pai, que junto comigo e meu irmão voltamos para Varzea Grande onde era a nossa casa.
Chegando em casa meu pai ja foi direto na sua biblioteca, e foi pegando tudo que poderia comprometer ele e fez uma fogueira, queimou tudo, até trofeu que tinha ganhado.
Dai passou uns dois dias, mais ou menos a meia noite, batem na porta.
Meu pai, levanta só de cueca e pergunta: Quem é
La de fora responde: Quero falar com o Sr Jose Dias Ferraz.
Meu pai respondeu: Venha amanhã de dia.
Ele disse novamente:
Mais precisa ser agora, eu sou Sargento do Exercito e eu preciso conversar com o Sr.
Então meu pai abre a porta e tem nada menos que uns trinta soldados em roda de nossa casa, daí meu pai pergutou:
Para que essa muntueira de soldado, vão me prender?
O sargento falou: Não, Sr josé, mas o sr esta convidado a nos acompanhar até ao batalhão de Infantaria que o coronel está esperando para falar contigo.
Meu pai respondeu: Então tenho que trocar de roupa.
O sargento de novo: Não, sr, vai ter que ir assim mesmo,
Eu e meu irmão mais velho, estavamos armado, e meu irmão quis alterar com o Sargento mas eu cortei ele, disse a ele:
Esta louco cara, se apontar essa arma para eles nós todos morrem
Então meu pai pediu para minha mãe sua roupa para que ele vestisse ali mesmo.
O sargento consentiu, minha mãe trouxe calça e paleto, ele vestiu e foi escoltado por uma frota de caminhão de combate do Exercito.
Capítulo XXX
Caçando comunista
A notícia era que o meu pai foi transportado para a Ilha das Cobras, presidio de torturar os líderes do movimento.
Meu pai era considerado, o chefe suplemo de toda Região de Cuiabá e arredor, foi preso ficou 60 dias incomunicável. Ninguem dava notícia dele, lá no Exercito ninguém sabia de nada.
Logo depois que prenderam meu pai, ou seja no outro dia cedo, o mesmo pelotão chegaram em casa todos armados, e poseram todo mundo para fora da casa.
Revistaram tudo, deixaram a casa de cabeça para baixo, revistaram até no forro da casa, estavam atraz de provas para encliminar meu pai, levaram quase todos os livros de sua biblioteca.
Lá em casa felismente nada encontraram porque o meu pai já tinha queimado tudo que pudesse compromete-lo.
Eu também estava na mira por fazer parte do grupo de onze, e eu era lider do grupo, não iria ter escapatória para mim, pois os nomes estam todos registrados nos livros do Sindicato.
Fiquei sem saber o que poderia fazer para livrar o meu pai, fui atraz de Adivogados e todos falaram a mesma coisa, esse é um caso sem defesa, ele está incomunicável. E eu na rua, e o Exercito estava me procurando, foram em casa duas vezes.
Fui obrigado a sair da cidade para não ser preso também.
Como eu tinha um seringal particular em Porto dos Gauchos e já estava chegando o tempo de exploração da borracha, arrumei a mala e fui para lá. Ai passei oito meses isolado lá em Porto dos Gaucho tendo notícias de casa de cada mês por carta. Nesse intervalo de tempo em que estava no seringal, estudei bastante nos livros que levei, e procurava tirar proveitos dos pogramas educativo que a rádio nacional mantinha no ar.
A rádio mariquyveiga ainda manteve no ar o resto do ano quando fecharam ela, mas até então a gente ia tendo notícia da revolução e sentindo que o movimento ainda não tinha terminado. Sonhava acordado, passava horas imaginado como seria uma revolução, e o meu objetivo seria entrar no Exercito para aprender as táticas do Exercito. Demorei a chegar em Cuiabá ja em 1965, mas, já tinha passado o praso para alistamento. Desta vez meu compnheiro de seringal foi o Paulo, até setembro pois foi pra Varzea Grande e eu fiquei sozinho ate Dezembro.
Bom mas voltando o caso da revolução. Quando cheguei em casa meu pai estava lá, depois de abraça-lo ele me contou tudo o que tinha acontecido com ele nesses dois meses que ficou preso. Na verdade a prisão dele foi somente isolamento do lado externo do quartel,
Pois ele tinha liberdade de andar por onde quisesse, escoltado naturalmente e que não encontraram provas nenhuma para encliminalo enclusível foi correligionários da própria UDN, que foi a força maior para libertalo.
Na noite de quando meu pai foi preso, ele para não ir só de cueca pediu para a minha mãe calça e paleto.
Mas, como meu pai eram um homem que tinha amizades com todos os partidos ele tinha pedido uma carta de corregionário para uma mulher política muito enfruente da UDN Sarita Baracatt, e para o Secretário da Agricultura Dr Bais Neto, pois tinha certeza que o Exercito iria pega-lo mais cedo ou mais tarde. E os amigos dele mesmo sabendo que ele estava na linha de fogo, deram a carta sem rodeio. E meu pai já tinha predimitado tudo, colocou as cartas no bolço do paleto em que foi preso e lá no quartel descobriram as cartas e foi o meio caminho para sua liberdade, e impedir seu transporte para o presídio da Ilha das Cobras. Meu pai foi solto, mais vigiado dia e noite, acho que eles queriam prova para leva-lo de novo.
Depois de uns dias resolvi voltar para Don Aquino e continuar minha vida de radiotécnio e lavrador pois estava de olho numa caboclinha.
Mas, a família estava dividida, e como tinha um caminho encostado em casa, dei ele em troca de uma casa em Don Aquino e dei para nossos pais.
Agora sim, depois de um punhado de ano estava morando junto de novo e assim foi até a minha partida para o exercito.
Capítulo XXXI
Exercito Brasileiro
O ano de 1965 passou, eu tinha os meus contatos, o movimento de revolução ainda continuava, jornais crandestino circulavam, emissoras de rádios crandestina também funcionavam sem as autoridades descobrissem de onde vinha o sinal, mas mantinha o meu pai longe do movimento, por estar sendo vigiado.
Resolvi o que já tinha em mente, entrar para o Exercito, já estava com 25 anos mas assim mesmo fui convocado. No dia 15 de maio de 1966 passei a ser um soldado do 2º Batalhão de Fronteira na cidade de Cáceres. Entrei no Exército por querer aprender tudo para ser um bom comandante em tempo de guerra. Não disperdicei momentos nenhum, venci todas as seleções, fui clacificado para o curso de cabo, sendo destacado para ser burocrata na secretaria do Comando do Quartel, onde permaneci até dar baixa do exercito em 15 de maio de 1967.
Mas nesse intervalo em que estive servindo muita coisa aconteceu dentro do Quartel e fora também.
Quando entrei no Exército, eu era obscecado pela revolução que nunca aconteceu, cheguei a fazer coisas no Exercito que se fosse pego seria espulso do Exército e entregue a justiça comum, cheguei a ponto de usar da noite para revirar o Quartel, principalmente minha Compania CCS Companhia de Comando e Serviço.
E foi o que tirei proveito do quartel, foi justamente a topografia que foi dois cursos, uma no curso de cabo, e outra mais aprofundada no curso de sargento. Desde então eu sou agrimensor.
Fui para o norte trabalhar com o mano, e por causa da distância as cartas foi se distânciando também até que apareceu outros nos nossos caminhos.
Quando deixei a vida de militar, minha mentalidade referente a revolução era completamente diferente;
Já enchergava numa revolução um inferno e não uma solução, e graças a Deus que veio o final da ditadura e nosso Brasil tornou-se gigante pela própria natureza e eu me orgulho de ser brasileiro.
O que mais me me emocino quando lembro dessas lutas com meu pai é de que ele não chegou a ver o fim da ditadura, pois morreu enfartado em 02/08/1981, mais onde ele estiver tenho certeza que esta sorrindo em saber que o nosso querido Brasil pegou o rumo certo
Capítulo XXXII
De volta para Varzea Grande
Para nós rapazes agora era Nortelândia, pois foi sempre assim, onde um ia teria que ir todos, mas com as empreitas ganhamos um bom dinheiro e compramos um bar e sorveteria em Varzea Grande para nosso pai.
Agora sim, estava como a Dona Geny queria, ver entrando os bereres, e de tanto tomar sorvete deixou de ser aquela magrela que era e engordou e ficou bonita e nunca mais emagreceu.
Nas novidades senquenciadas esta o casamento do Odilon, que foi um casamento na roça, e naturalmente, não podia faltar nós, e para ele Odilon arranjar dinheiro para casar foi lá em Nortelandia trabalhar também.
No dia do casamento, viemos de Nortelândia com um caminhão que era nosso, pegamos nossos pais e crianças e fomos de caminhão para o casamento.
Nesse meio tempo, os nossos pais já tinha um netinho e éra o xodo de todo mundo, o Nelsinho, era uma coisinha fofa e andava por ai de caminhão com a gente.
Agora sim nossos pais estavam contentes, talvez se ficasse em Minas Gerais o panorama iria ser outro, eu por exemplo já era um trombadinha, ou melhor dizendo um bandido pois era o que me facinava entrar nas casas nas caladas da noite e chefiar uma gangue.
Paulo também n,ao era flor que cheirava e essa união dos irmão com certeza não aconteceria.
É o que sempre falo com Deus e agradeço nas minhas orações, e aradeço também ao nosso pai em trazer eu para o Mato Grosso, pois como eu queria ser lá em Minas, fui aqui na busca de aventuras, fazer os serviços perigosos que outros engeitavam.
Na sequencia da família Ferraz agora era só alegria, casamento do Luiz Carlos o nascimento de Nelma, o meu casamento, o casamento da Paula, o casamento de Salete, o casamento de José Augusto e até o Paulo teve seu casamento, e para coroar essa felicidade veja quantos:
Nelsinho, Nelma, Sergiinho, Sivia, Paulo Rogério, Andreia, Glorinha, Isaura, Patrícia, Kebio, Carlinhos, Alexandro Marcos, Rita de Cassia, José Ricardo, Carlos Eduardo, Jardel, Ana Paula, Abilinho, João Vinício, Chiquinho, Pedro Paulo, Manuela, Amanda, felipe.
Capítulo XXXIII
Conclusão:
Essa história é deles, nós os filhos, fomos apenas peças de um xadrez criado por José Dias Ferraz e Dona Geny, que deixando a vida tranqüila da cidade, para entrar numa aventura maluca no sertão do Mato Grosso, ainda completamente selvagem, tendo como inimigo o desconhecido, fantasmas moradores do sertão e que procura atacar nas horas de pânicos e na calada da noite, em que todos foram heróis, e hoje transformada em um conto verídico, onde no futuro essa criançada e outras que virão, ao ler este livro virão a saber, que todo progresso tem seu preço.
Conto verídigo de:
Romulo Jose Ferraz